Sistema Eletrônico de Administração de Eventos - UERGS, IX SIEPEX - IX Salão Integrado de Ensino, Pesquisa e Extensão

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RACISMO AMBIENTAL INDÍGENA: NOVAS NARRATIVAS DO COLONIALISMO.
Ismael Pereira da SILVA, Thais Janaina WENCZENOVICZ

Última alteração: 2019-06-07

Resumo


Diversas são as violências que os povos indígenas vivenciaram ao longo da história do processo de colonização e ocupação no Brasil. Dentre as violências – estruturais e simbólicas - o colonialismo estabeleceu entre a modernidade e a pós-modernidade meios para manter-se hegemônico nas variadas articulações estruturadas ao poder econômico e político. Nesse engrenamento novas práticas coloniais surgem à luz do debate, entre elas o racismo ambiental, estratégia de coibição e desmoralização dos povos indígenas. O racismo ambiental indígena é articulado por meio das tensões deflagradas em razão da posse e uso da terra, do enfretamento com ruralistas, dos movimentos de degradação promovidos pelo agronegócio ultraliberal, pela desassistência das políticas públicas e a omissão do Estado. Nesse contexto, a luta por terras e pela manutenção de seus espaços geográficos e ancorados na ancestralidade são constantemente invisibilizados pelo Estado que os ‘tutela’ e os silencia na atroz violência da negação. Os dados do Conselho Indigenista Missionário de 2017 mostram na publicação intitulada Relatório de Violência Indígena no Brasil o registro de 847 casos (57 no Rio grande do Sul) de pendências administrativas frente as reivindicações de uso e demarcação das Terras Indígenas. A omissão e morosidade na regularização das terras vêm gerando conflitos territoriais em mais de 20 casos o que reflete na exploração ilegal de recursos naturais e invasões possessórias seguidas de violência em mais de 90 casos registrados. Verifica-se que essa omissão não somente é uma negligência do Estado, mas uma estruturalização do genocídio em face de uma "limpeza étnica," visto que a Constituição Federal de 1988 traz a questão das demarcações a todas as terras indígenas do Brasil no prazo de cinco anos (1993). Busca-se analisar sob a ótica dos processos estruturais e organizacionais o racismo ambiental para com os povos indígenas, trazendo à luz a importância da descolonização do ambiente natural assim como dos corpos indígenas. Utilizar-se-á de pesquisa bibliográfica e como procedimento metodológico o uso de história oral temática oportunizando narrativas orais e decoloniais na verbalização de seu lugar de fala. Observa-se que sem o ambiente natural os povos indígenas estão sujeitos a novas violências e perdas.

Palavras-chave


Povos Nativos; Violência; Perspectivas Decoloniais

Referências


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