O município de Cachoeira do Sul-RS caracteriza-se por extensas áreas de várzeas, normalmente cultivadas com arroz irrigado, o que conferiu a cidade o título de Capital Nacional do Arroz. Porém, nos últimos anos a área com cultivo de arroz vem diminuindo e, intensificando-se a produção de soja. Assim, o objetivo deste trabalho foi identificar e analisar os diferentes sistemas de produção nas propriedades orizícolas, buscando identificar dificuldades existentes para a produção no cenário atual. O estudo foi realizado em quatro propriedades produtoras de arroz, através de entrevistas com os produtores aplicando-se um questionário semiestruturado de caráter qualitativo e quantitativo, que visou traçar o perfil da propriedade e da comunidade onde está inserida. Nessas quatro propriedades, além da produção de arroz, também há o cultivo da cultura da soja chegando, por vezes, a possuírem maior área com a soja que com o arroz, que até anos atrás era a produção principal. Também, se observou que a cultura do arroz tem maiores custos de produção e maior demanda de mão de obra comparada ao cultivo de soja, gerando assim, maior demanda de recursos e pessoas para trabalhar na atividade. Com base nas propriedades analisadas, a área de cultivo com arroz irrigado nas regiões de várzea em Cachoeira do Sul está reduzindo, devido ao elevado custo de produção e baixa lucratividade (inclusive prejuízo), e incertezas no preço na hora de comercialização. A previsão dos próximos anos, segundo os proprietários, é migrar totalmente para o cultivo da cultura da soja mesmo nas áreas de várzea, apesar de não serem muito propícias para esse cultivo, em função, principalmente, de dificuldade de drenagem, com possíveis frustações de safra em anos muitos chuvosos. Com a grande expansão da cultura da soja no Rio grande do Sul é preocupante a perda de identidade que o estado do Rio Grande do Sul e o município de Cachoeira do Sul vêm sofrendo. Isso é decorrente, do descaso com os produtores da região que estão há anos na produção orizícola e não são valorizados, bem como pela grande dependência da economia gaúcha da sojicultora.