Sistema Eletrônico de Administração de Eventos - UERGS, IX SIEPEX - IX Salão Integrado de Ensino, Pesquisa e Extensão

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INCORPORIUM: VIOLÊNCIAS COTIDIANAS QUE AFETAM O CORPO-ARTISTA
Felipe Davi MACHADO, Giuliano Souza ANDREOLI

Última alteração: 2019-06-17

Resumo


Este Projeto relata a criação da obra de dança intitulada INCORPORIUM, produzida durante a minha graduação na Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS), inicialmente no curso de Dança e, posteriormente, no curso de Teatro, ambos situados na mesma unidade. Insere-se em uma perspectiva interdisciplinar, que abarca os dois campos, em concordância com as abordagens da dança contemporânea e do teatro contemporâneo, bem como com perspectiva teórica que fundamenta a pesquisa performativa (SASTRE, 2015). O processo de criação utilizou como procedimentos abordagens metodológicas da dança-teatro e da performance, tendo como grande referência a artista Pina Bausch. Segundo Birringer, para Bausch, o corpo humano tem qualidades específicas e uma história pessoal, mas é também um corpo que constrói representações. Bausch parte da noção de que o movimento do corpo na dança emerge de experiências e vivencias pessoais. Esta perspectiva, que encontra ressonâncias na fenomenologia (MERLEAU-PONTY, 1994), na visão de dança e de corpo de Rudolf Laban (1978) e nas teorizações de Stanislavsky (1988) sobre as emoções dos atores. A partir dessas referencias, o processo criativo enfatizou as micro-violências quotidianas sofridas por alguns artistas, relacionadas a questões de gênero, raça, classe, etc. Instigados através de um experimento artístico, as performances (ações) realizadas pelos artistas misturaram a vida e a arte, gerando repetições que me levaram a pensar no lugar do artista dentro da sociedade. Caldeira discorre “É preciso recorrer à arte para entender os vários níveis de abordagem que não se encerram, muito pelo contrário, ampliam o olhar e superpõem situações diversas dependendo de onde se está quando se olha” (CALDEIRA, 2009. p.9). Utilizando-se da metodologia construída a partir do exemplo desses autores, esse projeto explorou a violência sofrida e executada por nós, através de disparadores textuais, repetições, performances, que buscavam colocar os interpretes em situações de risco e desconforto, trazendo suas memorias afetivas e ao mesmo tempo se distanciando delas. Assim obtemos alguns resultados como: o aumento do repertório corporal dos artistas; "presença cênica"; consciência corporal e espacial; além de acessos corporais através de sentimentos e emoções. Ao fim do semestre se mostrou como resultado processual uma performance em sala de aula, construida pelos interpretes-criadores através das experiencias vividas no projeto.


Palavras-chave


Dança-Teatro; Terrorismos; Somatização

Referências


BIRRINGER, Johannes. Dancing Across Borders. TDR 30, 2 (T110) 1986.

CALDEIRA, Solange. Dança: do movimento puro à dramaturgia corporal de Pina Bausch. Revista on-line de mímica e teatro físico. Ano 01, No 02 – 2009.

MERLEAU-PONTY. Maurice. Fenomenologia da Percepção. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

SASTRE, Cibele. Entre o performar e o aprender: práticas performativas, dança, improvisação e análise Laban Bartenieff. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Faculdade de Educação, Programa de Pós-graduação em Educação, Porto Alegre, BR-RS, 2015.

STANISLAVSKI, Constantin. Manual do ator. São Paulo : Martins Fontes, 1988.