O município de Osório localiza-se na planície costeira do Rio Grande Sul, tendo nove municípios em seus limites e sua área de 663 Km² encerra um mosaico de ambientes, desde as escarpas da Serra geral, passando por terrenos encharcados, lagoas costeiras e campos de dunas, abrigando um complexo vegetacional peculiar como a Mata Atlântica, Florestas de Restinga, Mata Paludosa e Butiazais. A crescente ocupação de áreas naturais por espécies exóticas é colocada como segunda maior causa de perda de biodiversidade no planeta, sendo superada somente pela perda e degradação de habitats. Percorrendo este município nos ambientes citados acima, observa-se a intensa e por vezes descontrolada dispersão de plantas exóticas, principalmente o Pinus sp, que é largamente utilizada na silvicultura, uma atividade importante na economia do município. Essa espécie vem colonizando dunas na faixa de praia, ambientes úmidos interiores como banhados, alagados, margens lagunares, e até mesmo invadindo a Área de Proteção Ambiental (APA) do Morro da Borrússia. Nesse contexto, o objetivo principal desse projeto de pesquisa é analisar imagens de satélite dos últimos 30 anos (1988, 1998, 2008 e 2018) na região de estudo, focalizando nas mudanças da cobertura vegetal ao longo do tempo, como perda de mata nativa e aumento de cobertura do Pinus sp. Para isso, serão utilizadas imagens de satélite do banco de dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Cada tipo de vegetação apresenta uma reflectância característica no espectro de luz emitida por um determinado satélite. Isso faz com que se possa identificar tipos diferentes de cobertura vegetal numa imagem e usá-la em softwares de mapeamento como o programa QGIS, para delimitar áreas específicas, no caso, as manchas de Pinus sp. A partir do mapeamento da área de cobertura de Pinus sp. no município de Osório, será obtido um panorama da evolução do cultivo no município. Estes resultados serão comparados com os obtidos no mapa da Silvicultura do Estado do RS, onde é apresentado a área total de cultivo de algumas espécies exóticas por município, incluindo o Pinnus, considerando os dados cadastrados de cultivo AGEFLOR (Associação Gaúcha de Empresas Florestais) e DEFAP/SEMA (Departamento de Florestas e Áreas Protegidas da Secretaria de Meio Ambiente do Estado do RS). A hipótese é que o Pinus tem grande capacidade de expansão, para além do registrado / planejados pelos silvicultores e desta forma necessita de medidas especiais para controle desta expansão. Identificar como funciona o padrão de dispersão dessa espécie ao longo do tempo, é de suma importância em planos de manejo de áreas impactadas, uma vez que faz-se necessário conciliar a preservação dos ecossistemas costeiros com o usufruto da biomassa produzida pela silvicultura de Pinus, com relevância econômica para o município.