Briófitas e liquens constituem os componentes predominantes da biota terrestre da Antártica por se adaptarem bem às condições inóspitas deste local. Esses organismos se reproduzem por esporos pequenos e fragmentos, facilmente dispersos pelo vento, além de aves como as skuas (Catharacta spp.), as quais utilizam briófitas, especialmente musgos, na confecção de ninhos. Esse trabalho teve como objetivo identificar as espécies de briófitas provenientes da Antártica que estão tombadas no Herbário Dr. Ronaldo Wasum da Uergs – Litoral Norte-Osório (HERW). As coletas foram realizadas nos verões de 2013 a 2016 nas ilhas Deception, Elefante, Grenwich, Pinguim, Rei George, Robert e Wiencke, seguindo-se metodologia habitual para o grupo e coletando em todos os substratos disponíveis, incluindo ninhos de skuas. As identificações ocorreram no Laboratório de Biologia e Conservação da Uergs - Unidade Litoral Norte-Osório (LABeC) usando microscópio e estereomicroscópio para observação de características como aspecto geral do gametófito, filídeos, tipo de células, entre outras., com auxílio de bibliografia específica e comparação com material já identificado. Como resultados foram identificadas 383 das 812 amostras tombadas, que totaliza 40% das amostras provenientes da Antártica depositadas no HERW. Estas estão distribuídas em 11 famílias, sendo as mais representativas: Polytrichaceae (161 amostras, 4 sp.); Amblystegiaceae (106, 2 sp.); Bryaceae (57, 2 sp.) e Andreaceae (33, 3 sp.). Com relação ao substrato, verificou-se que 33% das amostras ocorrem no solo e 50 % sobre rochas. Nos ninhos de skuas foram coletadas 127 amostras, sendo que Polytrichaceae e Amblystegiaceae foram as duas famílias mais frequentes, ou seja, correspondem também às duas famílias mais representativas na Antártica. As espécies destas famílias apresentam gametófitos em tufos ou formando extensos tapetes que podem possuir cores variadas como verde-brilhantes a marrom-avermelhados. É possível que a abundância destas espécies, sua ampla distribuição na Antártica e as características morfológicas facilitem a escolha destas pelas skuas para confecção dos ninhos e assim contribuam para a dispersão das mesmas para outras áreas.