Sangradouros são canais de drenagem pluvial atuantes diretamente na configuração límnico-marinha, relacionados diretamente à erosão, ao transporte e à deposição dos sedimentos advindos das áreas alagadas localizadas no pós duna. No Rio Grande do Sul a presença média varia com a pluviometria, principalmente devido à natureza intermitente da maioria desses corpos de água, estando mais representativa no inverno. O presente trabalho visa analisar se dois sangradouros do município de Xangri-lá se comportam como pequenos estuários. Para isso estudamos a dinâmica da salinidade e de alguns parâmetros físico-químicos da água e a composição da ictiofauna. Assim, uma vez que um estuário se configura em um corpo de água que mantém ligação livre com o oceano, apresentando a diluição progressiva da água doce com a água do mar, dividimos os sangradouros em diferentes pontos amostragens no sentido linha de praia-continente, com a realização de coletas a cada dois meses durante um ano, com início das mesmas em fevereiro de 2019 e deve ser estender até o início do ano de 2020. Para análise da água utiliza-se uma sonda multiparâmetros que mede pH, temperatura, condutividade e salinidade, oxigênio dissolvido e saturação do oxigênio na água e sólidos dissolvidos. Para a amostragem da ictiofauna utilizamos como método ativo o puçá, mais rápido e eficiente, e também o covo; com a posterior identificação das espécies a partir de bibliografia especializada. Até o presente momento, o barrigudinho Phalloceros caudimaculatus apresentou a maior densidade entre as espécies coletadas no sangradouro 1, com cerca de 82,3% dos espécimes. Esta espécie está relacionada aos baixos valores de salinidade de água e com a redução da presença de peixes piscívoros. No sangradouro 2, com salinidades em média maiores que as do sangradouro 1, essa espécie não foi encontrada, o que se fora esperado a partir do conhecimento do comportamento da espécie. O sangradouro 2 apresentou 117 espécimes, sendo que desses cerca de 91,5% era representada por Mugil curema o que demonstra a intrusão de água salgada. Os resultados, até o momento obtidos, confirmam a hipótese de que os sangradouros comportam-se como pequenos estuários, estando diretamente relacionados com a pluviosidade e com a dinâmica marinha.